manifesto
Nós, do abraços morbos,
coletivo de produção de imagens inesperadas afirmamos que:
Estamos ameaçados pelo conservadorismo. Exigimos a novidade
ainda que requentada. Nada pior do que cultivar o ontem.
Por isso:
1.
Não nos interessa o aparente, o que vemos está no detalhe, o
que localizamos, está no detalhe, o que problematizamos... tb está por lá
O que nos une é perceber um ponto no infinito. E descrevê-lo.
Mas tb nos une o caminho até esse ponto. Sem nenhum mapeamento. Assim,
deixar-se levar pelo acaso.
O detalhe é a meta porque provoca a vertigem ameaçando a
existência. Um corpo poroso visto em
ultracloseup é disgusting. Cultivamos a emetofilia como um inocente cultiva a
sua própria danação.
Evitamos construir utopias. Duvidados até mesmo do olhar
distópico sobre o mundo. No detalhe, o
excesso de topos cria uma atopia. Não teremos futuro algum. Não somos
otimistas.
Operamos no mínimo para recuperá-lo no seu máximo. A explosão
do ponto movimenta os interstícios como o big bang ainda dá os contornos do
cosmo. Onde tudo é frio e vazio.
O nosso plano é microscópico. Na pequenez que se avolumam
todas as coisas que se configuram, é no curto espaço entre o 0 e 1 que se
escondem todas as informações. Inclusive as impertinentes. O microcosmo é cheio
de vazios e de nada, mas é quente
A decomposição é algo natural quando ocorre a expansão dos
vazios. É em torno deles que se realizam os corpos. E o que escorre da
existência forma esse vácuo todo que compõe o nada. Nos pequenos espaços entre
os vazios os corpos se atritam. E as vezes gozam.
A nossa morbeza tem esse caráter deletério na pressa de
diluir-se no mar de vácuo. A nossa morbeza é deletéria porque as existências
são todas deletérias. A decomposição nos une e permite que tudo se transforme
num profundo e imenso vazio.
2
Não temos moral. Há uma doença na moralidade que interage com
a doença da imorabidade. É no espaço sem valor que a gente se configura. Nem nenhum
padrão que afirme isso é correto, bom ou saudável. Vivemos sem nenhum julgamento
a priori.
Como não temos moral, a regra é o nosso corpo. Ele que afirma
ou nega, sempre em função do desejo. E o que ele firma ou nega é sempre
conjuntural, depende das relações entre o tempo, o lugar e o nosso próprio priapismo.
Buscamos construir o corpo nu a cada pedaço, promovemos tanta
diluição e decomposição, que nem sabemos mais se são corpos nus. Alguns desses
corpos são nossos. Todos esses corpos são nossos.
Não fazemos pornografia. Será necessário repetir que somos
amorais? Desprezamos o valor da pornografia como execramos o da família
nuclear. Não temos moral alguma. É bom que anote.
Também não necessitamos de ativismo algum. Nossa sexualidade
se configura no momento do desejo. Não concebemos corpos pré-determinados. Tudo
vira na hora. E depois da hora.
Por isso lhes oferecemos os nossos braços.
Por isso lhes abraçamos e fechamos nossos olhos
Por isso queremos gozar com vocês
abraços morbos
marco+limão+diana+iam+giovanna
2018, jul
Comentários
Postar um comentário